AS COMUNICAÇÕES ENTRE AS INQUISIÇÕES DE PORTUGAL E ESPANHA: CIRCUITOS E INTERMEDIÁRIOS
Resumo
O objetivo central deste artigo é apresentar as principais formas de circulação da correspondência entre os tribunais inquisitoriais ibéricos. Durante o período de atuação da inquisição no espaço peninsular e americano, os tribunais portugueses, espanhóis e americanos colaboraram para a perseguição das heterodoxias da fé e para a formação da sua rede de agente inquisitoriais. Esta colaboração estava fundamentada na circulação de informações sobre processos de fé que transcorriam do outro lado da fronteira, pedidos de prisão, perseguição a fugitivos e realização de diligências pelos comissários. A atuação em conjunto dos inquisidores ibéricos permitiu que núcleos familiares fossem processados por tribunais castelhanos e portugueses de forma síncrona. Toda a informação necessária para comprovação da culpa de quem estava nos cárceres era enviada com notável celeridade. Da mesma forma era possível para portugueses serem habilitados como agentes inquisitoriais em tribunais castelhanos ou americanos, já que contavam com a colaboração de comissários dos tribunais de Lisboa, Évora e Coimbra para realizarem as diligências de limpeza de sangue nas cidades de nascimento. Sendo o principal instrumento para a circulação de informação no período moderno, as cartas conduziram as informações necessárias para o trabalho inquisitorial. Logo, pretende-se apresentar os intermediários na correspondência dos tribunais ibéricos, as principais vias de circulação e demonstrar o quão célere poderia ser a comunicação entre os tribunais.