A INQUISIÇÃO NAS HISTÓRIAS DO TEATRO PORTUGUÊS: UMA AUSÊNCIA
Resumo
O século XVIII português foi um período de grande movimentação nos níveis sociais e políticos. Como não pode deixar de ser, tal contexto reflete diretamente no cenário cultural, como se verá nas diferentes vertentes dos textos dramáticos que são escritos, sobem à cena ou circulam nas páginas naquele Portugal setecentista. Mas, havendo uma interferência recíproca entre os contextos sociais, políticos e culturais, chama-nos a atenção a falta de referências à Inquisição e demais mecanismos de censura vigentes no período, em Histórias do Teatro Português publicadas no século XX, cujos autores são Luiz Francisco Rebello (1967), Luciana Stegagno Picchio (1969), José Oliveira Barata (1991) e Duarte Ivo Cruz (2001). Assim, nosso objetivo foi analisar como tal ausência de referências à censura interfere na percepção daquele teatro pelos leitores dessas Histórias, bem como refletir sobre as implicações da presença da Inquisição na produção dramática do século XVIII. Por fim, concluímos que a seleção de tópicos acontece em qualquer discurso, mas que tal seleção, a fim de contemplar a um projeto discursivo específico e desconectado do objeto de leitura, por vezes deixa de fora aspectos relevantes, o que pode comprometer a interpretação do leitor acerca do tema.