DIREITOS REPRODUTIVOS NO JORNAL MULHERIO (1981-1988): UMA REFLEXÃO SOBRE OS LIMITES DE UM FEMINISMO ALHEIO À COR E À CLASSE SOCIAL
Resumo
Neste artigo, abordaremos a forma com que as feministas acadêmicas do jornal Mulherio (1981-1988) debateram as questões reprodutivas nos anos de 1980. As nossas análises revelaram que as discussões feitas por essa produção, no que tange aos direitos reprodutivos, eram marcadas por uma concepção universalista da mulher que ignorava a dimensão étnico-racial e a estrutura classista que divide a sociedade. Comprometidas com uma perspectiva interseccional de viés antissistêmico, dialogamos com as contribuições de algumas autoras que têm se esforçado para explicar as imbricações entre capitalismo, sexismo e racismo. Por fim, é importante que se diga que expor os limites que marcaram a forma com que o Mulherio empreendia o debate sobre a reprodução não significa desprezar as suas contribuições para se compreender as pautas feministas daquela experiência, isto é, de seu uso como fonte histórica. Aqui nos interessa, muito mais, analisar a forma com que essa produção dialogava com a sociedade de seu tempo para podermos avançar na luta por direitos reprodutivos – que está vinculada à luta pelo fim da sociedade de classes.